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terça-feira, 16 de junho de 2015

Mais de Portugal.

          Ainda sobram anedotas sobre o querido Portugal. Difícil não sentir saudades das paisagens bucólicas e inesperadas do pequeno país ibérico. Vontade de comer sericaia, delicioso pudim obtido de um creme fofo feito de gemas, açúcar, leite, canela em pau, farinha e cascas de limão. E depois, com sorte, acompanhado das magníficas ameixas de Elvas e sua calda. Memórias torturantes. Vontade de comer o pão alentejano, de casca grossa, quentinho colocado sobre a mesa em um saquinho de linho para mantê-lo assim por mais tempo. E depois besuntá-lo de algum queijo de textura pastosa, como o queijo de Azeitão ou o serra da Estrrrrrreeeela, que me dá espasmos só de lembrar. Bacalhau à Brás (bacalhau desfiado, ovos mexidos e batata palha), Açorda à Alentejana (pão caseiro, ovos, coentro, alho, azeite), salada de polvo com coentro (polvo e coentro, hahahaha), sopa de grão com espinafre (grão de bico e espinafre), etc etc etc. Além de muita carne de caça, que eu não comi, porque não como e não quero comer.
           Os portugueses, assim como outros europeus, ainda caçam bastante. Em muitos restaurantes do interior é comum ver como decoração cabeças de veados, javalis, e outros animais de caça penduradas nas paredes. Também é comum encontrar clubes de caça em várias cidades. Este era um aspecto da cultura local que me incomodava muito, mas ... pronto, não há o que fazer a não ser registrar como parte de seus costumes ainda muito presentes. Adoraria ver um corno, manso ou não, cortado ao meio e empalhado, pendurado junto aos outros animais, alguns com cornos, outros sem. Wouldn´t it be lovely? 
         Mas voltando ao tema calórico e alimentar... os doces portugueses. Chamados de doces conventuais, porque basicamente se originaram nos conventos. Usavam-se as claras pra engomar as roupas e os hábitos de então. Portanto, o que fazer das gemas? Gemada tem limite! Assim, em um passe de mágica (quem disse isto?), nasceram receitas para driblar o desperdício. Adicione-se às gemas, açúcar, leite e o que mais houver. Não à toa, todos os doces conventuais levam açúcar e leite e gemas ou gemas, leite e açúcar. Hoje me pergunto, o que é feito das claras? Aonde andarão as claras? O que me dizem das claras?? Pego-me à noite, indagando. 
          Nem só de doces vivem os homens (já, as mulheres, creio que sobreviveriam), portanto há os vinhos. Os vinhos! Não tenho palavras para descrever os ... vinhos! Portanto, melhor bebê-los e me recolher na minha insignificante ignorância. Refeição sim e outra também, uma taça de vinho português só pode adicionar anos à nossa existência. Alvarinho, trajadura, touriga nacional, trincadeira, baga, castelão, aragonez, alicante bouschet, etc e tal que ninguém consegue memorizar mais que um par destes nomes peculiarmente curiosos. De ano em ano adicionado à existência, os rapazes portugueses tem em média 80 anos... os mais velhos... nem se computa. 
          A crônica de hoje foi uma pequena ode aos prazeres da mesa portuguesa. Uma pequena celebração aos pequenos prazeres da vida. Um brinde!

                                         
                      A RABANADA CLÁSSICA DO CAFÉ MAJESTIC, EM PORTO.
                 
   OLIVEIRAS CENTENÁRIAS NOS QUINTAIS DE PERAIS. NA BEIRA.

                                                
                                      BARRICAS DE CARVALHO, NA HERDADE DO MOUCHÃO.

                             VINHAS NA PODA DE INVERNO.