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segunda-feira, 14 de abril de 2014

Pequena Fábula para ilustrar o Crônicas...

De Passagem

Um viajante chegou a uma humilde cabana, onde se dirigiu pedindo água e pousada. Quando chegou foi recebido por um monge que lhe ofereceu acolhimento. Ao reparar na simplicidade da casa e sobretudo na ausência de mobília, curioso indagou:
- Onde estão os teus móveis?
- Onde estão os teus? - devolveu o monge.
- Estou aqui só de passagem - respondeu o andarilho
- Eu também...

domingo, 6 de abril de 2014

Sobre turistas, viajantes e Dilma Roussef. Com uma pitada de cotovelos nos peitos das mulheres.

Há pessoas que dizem que viajar tem que ser fácil. Confortável. Luxuoso, até. Que privações e desafios não combinam com o propósito de viajar. Que seu objetivo principal deve ser o de desfrutar. Concordo com elas, parcialmente. Adoro me hospedar em um hotel charmoso, com vista encantadora e ir à bares descolados e restaurantes surpreendentes. É ótimo fazer uma trilha arriscada montada num 4 x 4 com ar condicionado, dirigido por um guia experiente, tomando uma cerveja gelada e desfrutando da paisagem, sem grandes preocupações. Creio que deva ser fantástico  hospedar-se  num resort 5, 6, 12 estrelas numa praia paradisíaca. No entanto, na maioria das vezes, por questões financeiras ou mesmo por filosofia, opto pelo lado B das viagens. Claro que depende do destino e da duração dela. Quando estive em Cuba pude me dar ao luxo de não ter luxos e conhecer, por exemplo, praias frequentadas pelos nativos, enquanto os resorts desconhecem o racionamento vivido pelos habitantes da ilha e proíbe a entrada dos mesmos, mesmo que apenas na faixa de areia. Segregação deslavada. Foi muito mais enriquecedor ver o lado de lá. Tive tempo e oportunidade pra viajar a ilha de norte a sul e de sul a norte, novamente, passar por cidadezinhas aparentemente sem atrativos e dormir na casa de cubanos, comer à sua maneira, dançar em suas Casas de la Trova ou Casas de la Musica, viajar de ônibus, de carona, ou improvisadamente com restos de bagaço de laranja na traseira de um caminhão. Passar por apertos não faz de você necessariamente uma pessoa melhor. Mas pode ser muito, muito enriquecedor. É, sem dúvida, uma oportunidade para reflexão. Deixo claro aqui a diferença essencial entre ser um turista e um viajante. O turista não tem tempo a perder. Não quer reflexão. Quer que tudo funcione perfeitamente, o voo, o traslado, o hotel, o táxi, o restaurante. O tempo é curto. Obviamente  quer aproveitar o máximo. O viajante tem tempo. Não está preso em um roteiro pre-estabelecido por um pacote turístico ou pela revista especializada. Ele cria tempo dentro do tempo. Prioriza e elege baseado em outros preceitos. Mainstream não é seu foco. As duas vezes em que estive na Índia optei por não ir ao Taj Mahal. Não que eu não queira conhecê-lo. Mas as situações pediam outras escolhas e não abri mão delas para dizer que visitei o cartão postal mais famoso de lá sem estar no clima. Afinal, não sou a Dilma (a Roussef, presidente desta nossa pátria), que fechou o Taj somente para ela em um dia comum, para rodopiar sozinha pelos espaços vãos da beldade arquitetônica. Imaginem só a minha ira se eu  tomasse o ônibus fedido de umas doze horas de Déli, fosse meio de má vontade à Agra, enfrentasse todo o circo caça-niquel-de-turista na rodoviária, rumo ao mausoléu e então, lá chegando, filas embatumadas de gente se acotovelando, descobrisse que a visitação estava suspensa porque uma tal presidente sul-americana estaria lá dentro rodopiando nas pontinhas dos pés? Sangue nos olhos... Onde estaria a sapiência do viajante neste hora, hein? Porque, ao contrário do turista, o viajante não se enfurece com os contratempos. Eles traçam contornos incríveis aos roteiros. Às vezes mil vezes mais interessantes que o planejado! A não ser no caso do contratempo com a Dilma. Enfim, em um mundo tão fast-food, ter a chance de viajar como um approach menos consumista e imediatista é uma dádiva. Do Lord Ganesha.
p.s. Quando comentei com a minha irmã que a crônica de hoje não contaria com meu veio mais humorístico, dado o meu estado de espírito mais taciturno dos últimos dias, ela me pergunta: porque você não fala sobre os cotovelos nas tetas? Hahahahaha, mana. Obrigada pela lembrança. Mesmo que não tenha absolutamente nada a ver com o tema de hoje, como não lembrar do recalque dos indianos desesperados por sexo com estrangeiras, desesperados por sexo, desesperados... esticando os cotovelos na direção dos nossos peitos, enquanto passávamos por eles, pra tentar tirar uma casquinha de nada dos nossos ... das nossas.... glândulas mamárias??? Ela apelidou a prática de "Cototeta", e cremos ser uma espécie de esporte praticado por lá, quase ou tão popular quanto o críquete, mas ainda praticado apenas por homens. Índia é assim. O improviso e a sobrevivência deixando os brasileiros no chinelo.

Dilma toda pimpona no Taj. Antes da dancinha.